Às vésperas de completar quatro anos de publicação pela Mythos no Brasil, a revista do personagem bonelliano Dylan Dog continua demonstrando um fôlego constante e uma boa aceitação do público. Ganhador pela terceira vez do troféu HQ Mix de melhor revista de terror, o personagem é também admirado pela crítica, que desde antes de sua chegada às bancas nacionais já falava muito sobre sua qualidade.
Antes da Mythos assumir os direitos de publicação, Dylan Dog já havia sido publicado no Brasil pela Record (11 números entre agosto de 1991 e julho de 1992) e Conrad (6 números entre outubro de 2001 e junho de 2002).
Lançado na Itália em 1986, até hoje se produzem histórias do personagem e a Bonelli também já reeditou diversas histórias antigas para atender o interesse constantes de leitores mais novos. O principal atrativo da série é que se trata de mais do que uma combinação de terror e policial, e, como todo material da linha Bonelli, apresenta um universo rico em nuances de personagens surpreendentes e enredos muito bem elaborados, repletos de reviravoltas e finais surpresa.
A inspiração mais clara é a obra do escritor Edgar Allan Poe, cujos contos de suspense preencheram toda escala entre o completamente verossímil e o sobre-natural. É essa atmosfera diversificadamente assustadora que envolve os personagens de Dylan Dog.
O protagonista chama a atenção por ser um legítimo galã aventureiro em meio a este universo grotesco e sempre se envolve com alguma cliente ou outra mulher envolvida em seus casos de detetive nada convencionais. A primeira vista pode parecer uma combinação de clichês, mas é uma forma de fazer uma pequena luz brilhar mais forte em meio à escuridão, mostrando como a paixão caminha ao lado de outros sentimentos menos nobres, como o ódio e o medo.
Até mesmo o humor tem seu espaço na série, principalmente quando vem pelas piadas e trocadilhos infames do assistente de Dylan, Groucho. Não só o nome como também a aparência deste querido coadjuvante são uma homenagem ao comediante Groucho Marx. Além da função de assistente (que ele exerce com muito pouca habilidade, por sinal), Groucho é o melhor amigo de Dylan, mais um elemento de virtude em meio às trevas do cenário.
Como em muitas obras de terror, a personificação da Morte é uma personagem constante na série. Aqui, em sua representação tradicional da Idade Média, ela aparece em vários momentos para levar aqueles que Dylan tenta proteger. Combater suas investidas cruéis é uma parte importante da sina do detetive.
Com esse universo rico em personagens e situações, é possível compreender como a série tem chegado tão longe no seu país de origem, no Brasil e em outras partes do mundo. Os pesadelos ainda oferecerão muitos motes para aventuras de Dylan Dog, para a alegria dos fãs.
(Esse texto é parte integrante da nossa série A Revolução Pop Escolar: Propostas para uma Nova Biblioteca)
(Também é parte do nosso pequeno réquiem a Alex Toth)