Carl Barks
Nascido em Oregon, EUA, em 27 de março de 1901, Carl Barks aprendeu praticamente sozinho a desenhar. Tendo como referência apenas um curso incompleto de desenho por correspondência da Landon School e aulas que eventualmente eram publicadas nos jornais de domingo, ele precisou se empenhar muito para criar um estilo próprio. Nesse esforço pessoal ele passava várias noites desenhando, o que lhe custou seu primeiro casamento. Só em 1928 conseguiu vender seu primeiro desenho para The Calgary Eye Opener. Depois de vender mais alguns trabalhos para a revista The Judge ele começou a viver desenhando profissionalmente, depois de aceitar um emprego no The Calgary Eye Opener em Minneapolis.
Ele trabalhou nessa revista, hoje apenas lembrada por ter publicado os primeiros trabalhos de Barks, de 1931 a 1935. Lá ele pode desenhar bastante. Na verdade tinha mais trabalho do que dinheiro, então decidiu expandir seus horizontes e encaminhou um portifólio para o Walt Disney's Studios, que na época estava contratando desenhistas para suas animações. Logo foi contratado como um in-betweener, desenhista responsável pelos vários quadros que garantem a movimentação de uma cena para a outra na animação. Desde o momento que começou a trabalhar lá, passou a apresentar novas idéias para desenhos e piadas e, em algumas semanas, seu talento foi reconhecido e ele foi efetivado como desenhista.
Assim, na década de 30 seu desenho deu vida a mais de 30 animações do Pato Donald. Nessa época os quadrinhos estavam em plena ascensão e vários desenhistas migraram das animações para a as revistas, inclusive Barks, que iniciou com uma história do cachorro Pluto em 1942, mas seu verdadeiro primeiro sucesso foi Donald Ducks finds Pirate Gold. Essa história, que originalmente deveria ser uma animação, foi feita em parceria com Jack Hannah e publicada na revista Four Colors Comics # 9 pela editora Dell. Barks conseguiu adaptar tão bem o roteiro inicial de Bob Karp que essa revista garantiu ao pato atrapalhado a sua carreira nos quadrinhos.
Ainda em 42, Barks decidiu deixar a Disney por preferir trabalhar sozinho e não gostar do ambiente dos estúdios. Contudo, a Disney não deixaria seu talento escapar e o contrataram para desenhar a linha de quadrinhos do Pato Donald e seus sobrinhos, que sairia na revista Walt Disney's Comics & Stories. Seu trabalho com os patos se iniciou em 1943 e prosseguiu até 1966. Nessa época ele criou personagens como o Gastão Sortudo (Gladstone Gander), Professor Pardal (Gyro Gearloose), os Escoteiros Mirins (The Junior Woodchucks) e vários outros famosos moradores de Patópolis (Duckburg).
Nas suas histórias ele sempre soube balancear aventura e humor, conseguindo manter o interesse por seus patos por muitos anos. Sem falar que ele usou quase todos os estilos imagináveis, desde bang-bang até ficção científica, adaptando os gêneros às histórias com seus patos, sempre mantendo o bom humor e a qualidade.
Em 1947, ele fez uma história marcante para uma revista especial de Natal. Baseada no conto de Charles Dickens, essa história apresentava pela primeira vez o Tio Patinhas (Scrooge McDuck). Essa história, depois transformada em desenho animado, mostrava o pato rico e avarento torturando seus empregados e depois, em uma solitária noite de Natal, recebe a visita de três espíritos que lhe mostram seu passado, presente e futuro, mudando completamente sua vida.
Carl Barks tentou se aposentar dos quadrinhos em 1966, mas a Disney o convenceu a se manter como roteirista até 1973. De 71 a 76 a empresa lhe deu uma permissão especial para vender pinturas com personagens da editora que ele tinha criado.
Algo interessante é que seu nome não era muito divulgado nos filmes e ele não assinava suas revistas, prática comum na época. Dessa forma, poucas pessoas sabiam quem ele era, mas ainda assim ele tinha muitos fãs. Um deles chegou a descobrir seu nome e lhe mandar uma carta, mas Barks inicialmente achou que era uma piada de algum amigo. Apenas no final da década de 60 seus fãs foram descobrindo quem ele era e seu nome começou a ser associado como o "Homem dos Patos".
Principalmente nestes tempos em que o autor de quadrinhos chega a ser mais aclamado que alguns personagens, tanto nos EUA como em outras partes do mundo, editoras mais corporativas como a Disney parecem deixar seus artistas de fora deste meio. Assim, fica mais difícil seu nome figurar também entre os novos autores de quadrinhos, que não vêem nenhum tipo de estilo pessoal sob a fachada padronizada destes quadrinhos.
Mas graças às pesquisas de Keno Don Rosa, que descobriu um imenso de arquivo de idéias de Barks para todos os personagens de Patópolis, surgiu para toda comunidade de quadrinhos um amplo espaço de idéias e criações em potencial com a marca do gênio deste artista.
Com essa fama, mesmo que tardia, ele conseguiu ganhar um bom dinheiro vendendo seus belíssimos quadros, inclusive ganhou mais do que trabalhando com os quadrinhos em si. Mesmo depois de 76, quando a Disney revogou sua permissão, ele continuou desenhando quadros com outras temáticas que era bem vendidos. Assim ele pode aproveitar uma longa aposentadoria e falecer somente em 2000, com 99 anos.
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