Little Nemo in Slumberland
Little Nemo é um daqueles consensos que os jovens leitores têm dificuldade para entender. A maioria dos criadores de quadrinhos, principalmente os que passaram dos seus 50 anos, sempre citam o personagem como uma importante influência. A razão disso vai muito além do fato da tira ser uma das precursoras dos quadrinhos e está ligada à qualidade excepcional do material, principalmente o desenho, que ainda hoje pode ser considerado uma excelência em traço.
O personagem surgiu em 1905, no The New York Herald, criado por Winsor McCay, que na época já trabalhava com outras tiras do jornal e tinha começado uma série com aventuras noturnas de temática adulta, da onde surgiu a idéia de Nemo.
As tiras eram sobre um pequeno garoto, Nemo (que em Latim significa ninguém), que viajava por um fantástico mundo de sonhos, sempre acordando no final da página encerrando sua aventura. O visual de Nemo foi baseado no filho de McCay, Robert.
Engana-se quem imagina que essas histórias eram somente para crianças. As aventuras de Nemo em seus sonhos eram agitadas, perigosas, surreais e, algumas vezes, até violentas, o que levava o pequeno a acordar no último quadro muitas vezes gritando na companhia dos pais ou dos avós preocupados.
Nemo passava por todos esses apuros para chegar ao reino de Slumberland, onde deveria encontrar o rei Morpheus e ser coroado amigo da Princesa. Contudo, suas aventuras eram constantemente interrompidas por Flip, o filho do Sol e neto do Alvorecer, que usava um chapéu escrito “Wake Up”. Bastava Nemo vê-lo para acordar. Outros personagens freqüentes da série eram Dr Pill, The Imp, Candy Kid e Santa Claus (Papai Noel).
A popularidade de Little Nemo cresceu rapidamente e logo o personagem passou a endossar outros produtos, como roupas, brinquedos, cartões postais, livros e jogos. Em 1908, Victor Herbert escreveu uma peça de teatro apresentada na Broadway com Nemo como protagonista. O garoto ainda ganharia uma animação feita pelo próprio Winsor McCay, um pioneiro na área. Esse filme tornou Little Nemo o primeiro personagem de quadrinhos a ser adptado para uma animação para o cinema.
McCay deixou o The New York Herald em 1911, indo para o San Francisco Examiner e outros jornais de William Randolph Hearst, onde continuou publicando as aventuras do personagem na série de tiras In the Land of Wonderful Dreams. O material foi publicado até 1914, quando Winsor foi retirado da seção de quadrinhos pelo seu editor. Nos anos vinte ele ainda publicou o personagem por mais alguns anos, mas a encerrou definitivamente em 1927.
Após a morte de McCay em 1937 seu filho Robert McCay tentou reviver as tiras na década de 30 e depois em 1947, quando o personagem apareceu pela última vez nos jornais.
Como sabemos o material não foi esquecido. Em 1966 ele fez parte de uma mostra dos trabalhos de McCay no New York's Metropolitan Museum of Art, uma das poucas exibições dedicadas exclusivamente à um cartunista.
A editora Fantagraphics Books republicou, entre 1989 e 1993, o material clássico de Little Nemo em uma edição em seis volumes. Esses livros foram tidos da como a versão definitiva da série até que em 2005 o colecionador Peter Maresca apresentou sua republicação pela editora Sunday Press.
Essa coletânea chamada Little Nemo in Slumberland: So Many Splendid Sundays! foi impressa formato 53,3 cm por 40,6 cm, reproduzindo as páginas de jornal no tamanho que eram impressas na época de sua publicações. Essa republicação foi um verdadeiro trabalho de amor de Maresca que bancou a edição e acompanhou todo o processo de impressão para garantir que as cores ficassem como as das publicações originais dos jornais.