Superman – O Retorno

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Foi-nos prometido que novamente acreditaríamos que um homem pode voar. Isso foi verdade? Bryan Singer conseguiu trazer de volta à tela grande toda a magnitude do primeiro super-herói, o último filho de Krypton?

O filme, desde que foi prometido pela Warner, foi muitíssimo esperado, cercado por enorme expectativa e também, como de praxe pelos pessimistas de plantão, por inúmeras críticas e avacalhações, especialmente quando Brandon Routh posou pela primeira vez com o novo uniforme.

Fãs mais indignados bradavam em alto e bom tom: “o símbolo está pequeno demais”, “o vermelho está muito escuro”, “onde já se viu o símbolo estar no cinto e não na capa” e por aí vai. Também reclamaram da escolha do ator: “Brandon Routh? Nunca ouvi falar!”, mas parece que também se esqueceram de que nos idos de 1978 ninguém também ouvira falar de Christopher Reeve...

Com mais esse peso sobre os ombros, de fazer um trabalho que não ofuscasse, mas sim fosse digno do legado deixado por antecessores, Bryan Singer, após ter brilhado com os pupilos de Charles Xavier, assumiu a responsabilidade de abrilhantar novamente também a aura do homem de aço.

E o fez dignamente, há de se convir. O filme bateu “Batman Begins” nos primeiros dias? Sim! Mais por curiosidade ou vontade de revê-lo voando nos cinemas do que pelo filme em si? Pode ser, já que a bilheteria não rendeu como a Warner desejava. Mas o importante é que o filme é bom sim. Não tem cenas como de um Homem-Aranha brigando com o Dr. Octopus sobre um trem ou de Wolverine empalando alguém, mas “Superman – O Retorno” cumpriu seu papel.

No filme, astrônomos descobrem um pedaço de um planeta que poderia ter sido Krypton e Clark decide ir para lá. Vai embora repentinamente e cinco anos depois retorna para uma Terra que reaprendeu a viver sem ele, e mais, para uma Lois Lane que assim como o resto do planeta seguiu com a vida, está vivendo com outro homem e já tem um filho.

Tudo isso se localizaria cinco anos após “Superman II”, em que ele enfrentara os três kryptonianos libertos da Zona Fantasma, liderados pelo General Zod; Então, se puxarem pela memória, no final daquele filme, Lois se esquece de que Clark é Superman e por isso ela desconhece sua identidade neste aqui também. Os outros longas, “Superman III” e “Superman IV”, foram sumariamente deletados, também por terem sido considerados os mais fracos da franquia.

Mas não é por dar seqüência a filmes antigos que somos obrigados a tê-los assistido: o diretor Singer encadeou de tal maneira os eventos que mesmo quem está sendo apresentado ao herói pela primeira vez consegue tranqüilamente compreendê-lo e acompanhá-lo. E essa foi uma grande sacada: ao não desconsiderar os longas antigos, este novo os homenageia, mas sem perder sua própria identidade.

E homenagens temos aos montes, não apenas aos outros filmes, mas também aos quadrinhos: desde a maneira como o herói segura o carro desgovernado, remetendo à clássica capa de Action Comics nº 1 ou à tentativa de ressuscitação cardíaca dele com o desfibrilador, fazendo-nos lembrar de “Funeral Para um Amigo”, até o começo com os créditos iguais aos de 1978 ou o final em que ele sobrevoa a Terra tal qual também naquele primeiro filme.

Tal relação de homenagem com identidade própria também permeou os atores: Brandon Routh (Clark Kent), Kate Bosworth (Lois Lane) e Kevin Spacey (Lex Luthor) foram impecáveis, cada um ao mesmo tempo lembrando seus antecessores, mas imprimindo suas próprias marcas; o Luthor de Spacey, por exemplo, é uma mescla daquele magnata poderoso e inescrupuloso dos quadrinhos, com sutis e tênues passagens de um humor negro, bem característicos da atuação de Gene Hackman – que justiça seja feita, imortalizou o personagem e também serviu de base para a reformulação de John Byrne, que o tirou da armadura e do colante roxo e verde, perdendo aquela imagem de cientista maluco para a de um homem inteligentíssimo.

Portanto, como consideração final, este foi um filme que homenageou, a contento, o herói e toda a mitologia que o circunda. E lembrando aos fãs mais puristas, esta é uma adaptação da sua história – que já beira os setenta anos – assim como a série animada ou seriados como “As Aventuras do Superman” com George Reeves, “Lois & Clark” com Dean Cain ou “Smallville” com Tom Welling. Todas têm sua própria identidade, mas o importante é mantido: a essência do Superman, essa sim, intocável em qualquer uma das mídias em que ele se apresentou até hoje.

Sendo assim, parabéns, Sr. Singer, fez-nos sim acreditar novamente que um homem pode voar!

 

 

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