Monk

Como dissemos, o gênero policial é bem abrangente e, certamente, seria usado na televisão. Aliás, é usado à exaustão em um tipo de programa que ficou conhecido como seriado policial. Vários personagens detetivescos se destacaram e passaram a integrar a cultura pop; só para citar alguns exemplos temos o Kojak, o Baretta, Gil Grissom em C.S.I., entre outros. Até um tempo atrás, sugerir um seriado como algo colecionável não seria possível, os programas, apesar de muitas vezes reprisados, eram algo passageiros, feitos para um momento e depois só sobreviveriam na memória. Atualmente, contudo, com o advento do DVD, isso mudou. Vários seriados têm suas temporadas compiladas em caixas com DVD's permitindo que os fãs revejam quando quiserem os programas.

Partindo disso selecionamos um seriado para representar o gênero policial na TV. Como sempre buscamos algo com um ponto de vista diferente, o escolhido foi Monk, atualmente exibido pelo canal pago Universal Channel e pela TV Record. Essa série se destaca por trazer os elementos clássicos das histórias detetivesca em um ambiente que oscila com muita sensibilidade entre a comédia e o drama.

Adrian Monk deveria ser o detetive perfeito. Dono de um conhecimento enciclopédico que vai muito além dos manuais de ciências forenses, memória fotográfica, uma visão peculiar que consegue perceber os menores detalhes em uma cena e uma inteligência que beira a genialidade. Contudo, como o próprio personagem diz, isso é um dom e uma maldição. Sua habilidade de observar padrões e descobrir elementos que destoam vem de uma necessidade de manter tudo em ordem. Isso o deixou com algumas manias e fobias, se sentindo enojado com sujeira, perturbado com salas bagunçadas e com coisas que não estejam em equilíbrio.

Enquanto ele trabalhava como detetive para o Departamento de Homicídios da Polícia de São Francisco seu jeito era tolerável. Contudo, quando perdeu sua amada esposa Trudy por causa de uma bomba plantada no carro do casal, Monk fica emocionalmente destruído. Consumido pela culpa, considerando que a bomba era alguma vingança de um criminoso contra ele e frustrado por ter resolvido casos complicadíssimos, mas não conseguir esse único caso, não conseguir trazer o assassino de sua esposa à justiça, ele entra em um estado catatônico e é internado.

Tempos depois ele se recupera com a ajuda da enfermeira Sharona, uma mãe solteira muito paciente que consegue, junto com um intensivo tratamento do psiquiatra Dr. Kroger, fazer com que Monk deixe o hospital e volte a viver sua vida. Contudo sua vida estaria longe de ser normal. Suas manias e fobias se agravaram ao ponto dele não ser funcional em campo, obrigando seu amigo e chefe Capitão Leland Stottlemayer a afastá-lo da polícia.

É nesse ponto que o seriado se inicia. Enquanto Monk tenta seguir sua vida com ajuda de Sharonna, que passa a ser sua assistente, Stottlemayer sugere que ele siga a carreira de detetive particular até que esteja recuperado a ponto de voltar a trabalhar para o Departamento. Como detetive, sua principal fonte de renda continua sendo a polícia, pois sempre que eles têm um caso aparentemente insolúvel ou que chegam em um ponto que não conseguem avançar em uma investigação, ele é chamado como consultor, sempre resolvendo os mistérios e adquirindo uma grande fama.

Quem acompanha o programa sabe que os mistérios, sempre muito bem elaborados, são apenas o fio condutor, uma forma do telespectador tentar enxergar as pistas e montar um raciocínio que leve ao criminoso como Monk tenta fazer. A grande sacada da série é o humor com as situações em que as manias de Adrian o colocam e o drama que vive o personagem.

Monk vive em uma constante luta consigo mesmo. Ele sabe que está errado, sabe que suas manias o impedem de ter uma vida normal, mas simplesmente não consegue evitá-las. Esse é um ponto em que o seriado se destaca, pois soube mostrar claramente que o problema de Adrian é uma doença. Apesar de ser algo mental, não é uma coisa que passa simplesmente por que ele quer ou que se mantem por falta de vontade dele.

Outro fator que gera ótimas cenas é o eterno amor que ele sente por Trudy. Ela era o amor da vida dele, a mulher perfeita. Para Monk ele ainda é um homem casado. As cenas que o retratam lembrando dela, conversando com ela, são feitas com uma sensibilidade fora do normal. A solidão de Monk é retratada de uma forma a ser intensa, romântica, mas sem ser piegas.

A atuação tanto de Tony Shalhoub como Monk quanto dos coadjuvantes também ajuda bastante a série. Todo o elenco de apoio é bem escolhido e suas atuações são na medida para manter o clima da série.

Por isso que vale a pena acompanhar essa série. Além de uma diversão garantida para os fãs séries policiais, é interessante para qualquer um acompanhar a ironia de um detetive que quer tudo perfeito, sendo que ele é o elemento mais imperfeito da série.

(Esse texto é parte integrante da nossa série A Revolução Pop Escolar: Propostas para uma Nova Biblioteca)

 

 

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