MOACIR TORRES
Cartunista e Escritor

Há exatamente trinta anos, o desenhista Moacir Torres (48) criava os últimos personagens que fariam parte da TURMA DO GABI. Desde então não parou mais de desenhá-los. Centenas de veículos de comunicação do Brasil e do exterior já divulgaram ou reproduziram os desenhos e as histórias em quadrinhos da turminha mais alegre do país.

Além desse trabalho Torres soube se virar. Começou em 1974 trabalhando na TV Cultura como desenhista, foi um grande ativista do traço nacional, participando e organizando vários eventos relacionados à quadrinhos e desenhos de humor, sempre se mantendo ligado ao mercado editoral, publicando em diversos jornais.

Em 1984, voltou para a TV onde produziu e dirigiu o Gabi TV Show com a parcipação de bonecos e atores mirins, além de participar diariamente do programa Turma da Pipoka na TV Gazeta, desenhando ao vivo.

Moacir Torres é outro daqueles exemplos de que, com muita luta e não ficando parado nunca, sempre se dá um jeito de mostrar seu trabalho, seja na TV, em livros, revistas, fanzines ou Salões de Humor.

Entrevista

1.Bom, a pergunta mais básica de todas.... como você começou na carreira?

Comecei a desenhar muito pequeno, com nove anos, no sítio onde morávamos no Paraná. Depois mudamos para Santo André e comecei a desenhar com mais freqüência. Usei como referência os desenhos do Réco - Réco, Bolão e Azeitona, Turma do Pererê e Asterix. Nunca fiz nenhum curso de desenho.

2.Quais são suas influências artísticas?

Minhas influências artísticas foram: Luis Sá, Ziraldo, Daniel Azulay e Ely Barbosa. Sempre pesquisei o trabalho desses artistas para poder chegar ao meu estilo atual.

3.Hoje, o que o senhor lê de quadrinhos?

Hoje em dia leio todo tipo de quadrinhos, seja adulto, infantil ou de humor.

4.No Brasil, apesar de um público fiel e crescente o quadrinho ainda não é valorizado e desenhista ou cartunista por muitos não é considerada uma profissão de verdade. Como sua família aceitou sua decisão de seguir por essa área?

Minha família sempre acreditou no meu sonho, e hoje me sinto feliz de ter recebido tanto apoio deles. Mesmo não vivendo só de quadrinhos,mas sim de revistas de atividades infantis educativas.

5.Qual foi o seu primeiro trabalho publicado? Qual a primeira aparição do Gabi? O personagem foi inspirado em alguém?

A primeira aparição do Gabi e sua turma foi no Jornal Diário de Bauru, em 1977. O Gabi não foi baseado em ninguém, ele surgiu num sonho, junto com um cãozinho, e logo no dia seguinte os coloquei no papel. Com o tempo fui atualizando eles, até chegar à forma de hoje.

6.Seu trabalho é mais direcionado ao público infantil, como é
trabalhar para crianças?

Desde que comecei a desenhar profissionalmente, me dediquei ao público infantil, pois é muito prazeroso ver uma criança se divertindo e feliz com uma revista sua nas mãos.

7.Na sua opinião, por que o governo ou mesmo as escolas particulares não levam quadrinhos para sala de aula?

Acho que o governo deveria fazer uma campanha para difundir os quadrinhos brasileiros nas escolas, tipo dessas que incentivam a leitura de livros. Na minha opinião as autoridades ainda consideram os quadrinhos como um produto supérfluo à educação. Eu cresci e aprendi muito lendo gibis.

8. O mercado editorial brasileiro tem crescido bastante nos últimos anos, vários materiais alternativos e uma grande variedade de títulos e preços estão disponíveis nas bancas, esse crescimento tem ajudado o senhor também?

O mercado brasileiro está começando a achar a saída, e várias editoras começam a apostar nos quadrinhos nacionais. Espero que com essa abertura, eu e a minha equipe possamos voltar a produzir e publicar nossos quadrinhos.

9.Como é sua produção editorial? O senhor mesmo banca as impressões? E a distribuição do material como é feita?

Nas décadas de 70 e 80 banquei muitas revistas minhas e em parceria com Júlio Magalhães, Luke Ross ( que já desenhou o Lanterna Verde, entre outros trabalhos internacionais) , Cláudio Feldman e muitos outros. Depois passei a fazer arte-final de Hqs da Ed. Abril, passando posteriormente a produzir revistas de atividades e ilustrações para suplementos infantis com os meus personagens. Tenho certeza que o caminho para quem está começando a fazer HQ são os fanzines. Se for preciso eu volto a fazer fanzines e revistas independentes, porque não? Hoje é a editora Escala, para qual eu trabalho que se encarrega da impressão e distribuição das revistas a produção editorial fica por minha conta e de minha equipe.

10. Hoje em dia os quadrinhos ficaram mais adultos, alega-se que o público envelheceu e quer materiais mais sérios, complexos e sinistros. Pelo que vemos das novas apostas das editoras, o espaço para quadrinhos infantis vem se encolhendo cada vez mais. Na sua opinião, qual a razão disso? O senhor gosta desse tipo de quadrinho mais adulto? Pensa em fazer algo nessa linha?

Acho que tanto os quadrinhos adultos como infantis fazem sucesso, prova disso são as revistas do Maurício, Ziraldo, Cedraz e muitos outros. O quadrinho infantil também está começando a crescer junto com o seu público que ainda é maioria. Não penso fazer nada na linha mais adulta, essa não é minha praia. Prefiro continuar na linha infantil e educativa.

11. Ficamos sabendo que você teve algumas experiências internacionais e uma te deu uma grande dor de cabeça. Quer nos contar um pouco dessa história?

Isso mesmo, fui contatado por um editor espanhol que estava entrando no mercado editorial e queria começar com quatro títulos meus. Dois deles foram publicados na Espanha e em Portugal (que nós sabemos) no final de 2004. Infelizmente existem picaretas em todas as partes do mundo, e lá não é diferente, pois o tal empresário não queria me pagar, então tive que ligar pra ele falando que eu ia entrar em contato com a embaixada da Espanha. Três dias depois o dinheiro estava depositado na minha conta. Depois disso o espertinho não entrou mais em contato, ficou por isso mesmo. Mas valeu a pena, pois a Turma do Gabi foi divulgada na Europa.

12. Para finalizar, além do Gabi você tem outros personagens? Outros projetos? Quais?

Além do Gabi eu tenho um total de quase cem personagens, todos registrados como manda a lei. Já usamos em nossas revistas de atividades quase todos. Comunico aos leitores que visitam o Pop Balões que em breve estarei lançando a revista comemorativa aos 30 anos de criação da Turma do Gabi.


Um pouco do trabalho de Torres pode ser visto na nossa área de Hq´s. Para entrar em contado com ele e sua equipe basta procurar o ESTÚDIO EMT na Rua Eliza Ghirotti, 332, Monte Verde, Cep: – Indaiatuba - SP. Fone/Fax: . Ou via internet: , http://estudioemt.vipflog.com.br,http://estudioemt.blog.uol.com.br. Convidamos ainda os leitores à participar da cominidade do Gabi no Orkut.

Leia Também:

30 anos da Turma do Gabi

 

 

 

Comentários no nosso Boteco ou por

Retorne a página inicial