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Zumbis da Marvel

Quando chegou ao Brasil o excelente Mortos-Vivos de Robert Kirkman fizemos uma matéria sobre o gênero de terror. Nela falamos da abrangência do gênero e como muitas vezes o terror se liga com o humor em uma tentativa de assumir o lado trash das histórias e usar isso como recurso narrativo.

Quando Mark Millar inseriu nas páginas de Quarteto Fantástico Ultimate (publicada em Marvel Millennium Homem-Aranha 56 a 58) um mundo dominado por zumbis, provalmente ele não queria fazer muita graça. Na história a versão Ultimate de Reed Richards faz contato outra versão sua que aparentemente é o Richards daquele que temos como Universo Mavel Normal. Para encontrar essa outra versão, ele atravessa um portal interdimensional e percebe que foi enganado. Na verdade, Reed acaba numa realidade alternativa onde todos os seres superpoderosos sucumbiram a uma infecção vinda do espaço e tornaram-se mortos-vivos canibais. Tendo devorado todas as pessoas comuns do planeta, o jeito de resolver a escassez de alimento foi atrair carne fresca de outra realidade.

Essa trama dá todo um trabalho ao jovem Quarteto Fantástico e ainda vai continuar causando transtornos nas páginas da sua revista, já que a versão zumbi do grupo está aprisionada no Universo Ultimate, buscando uma maneira de escapar.

Partindo dessa premissa e aproveitando esse universo alternativo, a Marvel deu a Robert Kirkman carta branca para brincar à vontade com o Universo de Marvel Zombies e ele sabia exatamente o que fazer.

Pode parecer uma besteira essa história de zumbis, você pode até não gostar dessas figuras de terror, contudo vale a pena procurar as revistas Marvel Max 41 a 45 e conhecer essa série.

Inicialmente a história se paga pelo humor mais simples de ver os heróis como mortos-vivos corroídos, mas ainda mantendo suas características básicas. O Homem-Aranha continua atormentado, mas agora por ter devorado sua esposa Mary Jane e sua Tia May; o Bruce Banner se transforma em Hulk quando sua fome atinge níveis críticos; o Capitão América é um soldado literalmente sem cérebro, entre outras boas idéias.

Outra característica interessante é o fato de que  Kirkman não se prende em dar explicações, criar teorias e cobrir toda a base pseudo-científica que os quadrinhos ultimamente tentam ter. Por exemplo, ele nem se propõe a explicar porque o fator de cura de Wolverine não o protegeu (até porque, se ele tivesse sido poupado, Logan sozinho tinha dizimado os zumbis e salvo o planeta e isso seria apenas mais uma edição de sua revista mensal). Ele parte do que já tinha sido contado, de que o Sentinela caiu do espaço infectado e o vírus foi dominando a comunidade de super humanos que devorou todos os humanos da Terra.

Para ligar todos esses conceitos interessantes, ele parte de uma trama no mínimo irônica: Galactus vem com sua fome insaciável devorar a Terra. É fantástico logo na primeira cena que o Surfista Prateado aparece na Terra e todos os heróis olham para ele como um novo e fresco pedaço de carne. Não demora muito para que, com um pouco de luta, eles consigam agarrar o Surfista e devorá-lo, absorvendo parte Poder Cósmico.

Quando Galactus chega nesse mundo devastado e descobre que seu arauto foi devorado e que os zumbis alegam ter fome, ele faz pouco deles e continua sua rotina para devorar o planeta.

Para fechar a série com uma ironia fantástica, os Zumbis conseguem derrotar Galactus e devorar o devorador de mundos, transformando-se assim, em zumbis com poderes cósmicos e aptos a viajar pelo universo devorando planetas.

Vale ainda dar uma boa olhada nas capas das série, que traz versões zumbis das capas clássicas da Marvel.

Certamente essa não é a série mais genial de todos os tempos e nem vai te fazer refletir sobre o mundo, mas é diversão garantida.

 



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